A Ascema Nacional vem a público repudiar a falta de paridade entre as carreiras públicas promovida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Com foco nas eleições de 2022, o governo federal e sua bancada no Congresso Nacional resolvem dar preferência ao reajuste salarial de 45,3 mil policiais, enquanto mais de um milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas estão com a remuneração congelada há cinco anos ou mais. Não é o aumento para policiais e militares que preocupa a Associação, mas o que chama a atenção é a disparidade de tratamento entre as carreiras e o uso dos recursos de todos os brasileiros como se fosse propriedade privada do Presidente
Causa revolta o tratamento dispensado aos servidores que não pertencem às polícias ou forças armadas, alvos de assédio, ataques e descaso, como se fossem os inimigos desse desgoverno ao exercer seu trabalho, merecendo, nas palavras do próprio presidente, serem levados “para ponta da praia”, figura de linguagem usada na ditadura para extermínio de pessoas incômodas.
Além de enfraquecer o combate aos crimes ambientais, Bolsonaro tem outro objetivo nítido: se reeleger em 2022. Não é novidade que boa parte da base eleitoral do presidente é formada por oficiais de segurança, não à toa, ele tenta a todo custo agradar a categoria. Ao todo, mais de seis mil militares ocupam cargos civis.
Outro objetivo é manter o clima de constante tensão entre os servidores públicos, sociedade civil e militares. Como já deixou claro em diversas ocasiões, Bolsonaro pretende tumultuar o pleito de 2022 e, em caso de comoção social, já se prepara para contar com o apoio irrestrito dos fardados para tentar, mais uma vez, aplicar um golpe na democracia.
A Ascema Nacional reafirma o repúdio a esta tentativa de diluir tudo que foi conquistado desde 1988 e se posiciona ao lado dos servidores civis de todas as carreiras públicas, que têm sofrido, todos os dias, inúmeros ataques da atual gestão. Estamos prontos para compor um movimento forte unificado de todos os servidores públicos federais, que não merecem ser tratados como funcionários de segunda classe.
Portanto, recomendamos que as entidades estaduais realizem assembléias o mais breve possível para debater os desdobramentos da mobilização iniciada com a discriminação contida no orçamento de 2022.
Serviço público de qualidade se faz com profissionais públicos competentes, respeitados e valorizados. O cidadão brasileiro merece o melhor e não um estado policial.
DIRETORIA ASCEMA NACIONAL