A recente onda de desistências de servidores empossados pelo último concurso do IBAMA acende um alerta sobre as fragilidades enfrentadas pela carreira de especialista em meio ambiente. Dados levantados pela Ascema Nacional indicam que um a cada seis servidores (aproximadamente 18%) recém-empossados no órgão no último concurso de 2022 já abandonaram seus postos para assumir outros cargos em outras carreiras.
Uma outra pesquisa realizada pela Asibama-DF com 801 servidores revelou que mais de sete em cada dez funcionários (precisamente 72,8%) dedicam-se a preparação para outros concursos, motivados pela busca de uma valorização profissional ausente em sua atual posição.
Segundo o presidente da Ascema Nacional, Cleberson Zavaski (Binho), esse fenômeno expõe a baixa atratividade da carreira, devido à remuneração insuficiente e à falta de condições adequadas de trabalho. “A baixa atratividade dos cargos da Carreira de Especialista em Meio Ambiente repercute negativamente no andamento de serviços importantes para o país, como o trabalho de fiscalização, licenciamento, planejamento, pesquisa e conservação ambiental”, pontua Binho. A constante saída de servidores qualificados, que optam por migrar para cargos que oferecem melhores condições, sublinha um ciclo vicioso de grande investimento público na formação destes servidores e na subsequente perda desses talentos.
A situação atual demanda uma reflexão urgente sobre as políticas de gestão de recursos humanos no âmbito do serviço público voltado à proteção e conservação ambiental. A falta de retenção de servidores na área ambiental eleva os gastos com processos de seleção e formação de novos profissionais, e compromete a continuidade e a eficácia das ações de fiscalização e monitoramento ambiental em um momento crítico para a conservação da biodiversidade no Brasil.
A Ascema Nacional espera que na reunião dos servidores com o Ministério da Gestão e Inovação, marcada para o dia 01/02, sejam acatadas as propostas dos servidores para tornar a carreira mais atrativa, através de uma reestruturação salarial e da melhoria das condições de trabalho. A valorização dos servidores ambientais é a garantia da manutenção de uma força de trabalho motivada e capaz de enfrentar os crescentes desafios ambientais, assegurando a proteção efetiva do patrimônio natural brasileiro.