A ASCEMA Nacional manifesta total repúdio às atitudes desrespeitosas, ofensivas e misóginas dos senadores Marcos Rogério (PL-RO), Plínio Valério (PSDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM) dirigidas à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, realizada nesta terça-feira, 27 de maio.
Os referidos senadores escancararam suas visões de mundo ultrapassadas, oligáquicas, colonialistas e violentas, atingindo pessoalmente a Ministra do Meio Ambiente e toda a sociedade civil que diariamente luta para que a pauta socioambiental esteja no centro dos debates sobre o futuro do país e do mundo. O senador Marcos Rogério, que presidia a audiência e assumiu postura autoritária e opressiva, ordenou que a ministra “se colocasse no seu lugar”, além de ser conivente e condescendente com falas igualmente repulsivas do senador Omar Aziz, que acusou Marina Silva e sua gestão de “atrapalhar o desenvolvimento do país”.
Aziz, que presidiu a chamada “CPI da Covid”, que investigou e explicitou todas as ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro que favoreceram a disseminação do coronavírus no país, levando a óbito mais de 700 mil brasileiros, chegou ao delírio de culpar a falta de asfaltamento da BR-319 pela morte de 15 mil pessoas sem oxigênio em Manaus, numa clara distorção dos fatos para justificar a flexibilização criminosa do licenciamento ambiental. Ainda pior, quis imputar a culpa pessoalmente a Marina, que ficou fora do Governo Federal entre 2008 e 2023.
Já o senador Plínio Valério iniciou sua intervenção dizendo que Marina, “Como mulher, merece todo o meu respeito. Mas, como ministra, não”. Vale destacar, como lembrou a Ministra, que o mesmo senador já havia dito em outra oportunidade que “queria enforcá-la”. Tais comportamentos representam um ataque à dignidade de Marina Silva enquanto mulher e gestora pública. Também são uma afronta direta às instituições ambientais brasileiras, às políticas públicas socioambientais e à ciência.
Não menos grave foi o ‘sincericídio’ do autor do requerimento da audiência, senador Lucas Barreto (PSD-AP), que abertamente admitiu que o PL da Devastação (novo marco do licenciamento ambiental) foi uma retaliação pela não aprovação da exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Na prática, isso escancara o verdadeiro interesse por trás dos ataques à ministra: subordinar a política ambiental a interesses econômicos predatórios, mesmo que isso signifique destruir biomas essenciais para o equilíbrio climático do planeta.
É inadmissível que, em pleno século XXI, autoridades eleitas para os mais elevados cargos da República se utilizem de posturas misóginas para atacar uma Ministra de Estado e tentar enfraquecer a política ambiental do país. O IBAMA atua fundamentado em critérios técnicos e científicos, suas análises seguem estritamente as leis ambientais, considerando os impactos sobre o meio ambiente, as comunidades tradicionais, os povos originários e a sociedade brasileira como um todo, buscando garantir a proteção dos nossos biomas e o bem-estar das das atuais e futuras gerações.
Portanto, reiteramos que o ocorrido na audiência desta terça foi uma tentativa inaceitável de desqualificar tanto a ministra Marina Silva quanto a gestão socioambiental no Brasil. Preservar o meio ambiente não é um entrave ao desenvolvimento, mas sim condição essencial para o futuro do país e do próprio planeta.
A ASCEMA Nacional reafirma sua defesa intransigente da legalidade, da técnica, da ciência e da ética que regem o trabalho dos servidores públicos da área ambiental, que vêm atuando de forma exemplar, mesmo diante de pressões políticas e econômicas. Da mesma forma, manifesta seu apoio à Ministra Marina Silva, que jamais poderia ter sido tratada como foi na referida audiência, e exorta o Presidente Lula, que a convidou para novamente ocupar o MMA em sua terceira gestão, que demonstre publicamente sua solidariedade à Ministra, endossando sua imprescindível atuação para o sucesso do governo e o futuro do país.
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